Os Projectos

Museu Arqueológico Virtual do Algarve (MAVA)
Enquadramento

Desde meados do século XIX que a recolha de espólios em sítios arqueológicos algarvios, por
parte de investigadores portugueses e estrangeiros, é uma realidade. Parte significativa destes conjuntos
de materiais, nalguns casos numerosos, integra acervos de museus de fora da região, em especial do
Museu Nacional de Arqueologia. Destacam-se os que resultam dos trabalhos levados a cabo à escala
regional por Sebastião Estácio da Veiga ou António Santos Rocha.
A segmentação destes conjuntos em coleções menores, com vista à sua incorporação nos museus
da geografia de proveniência, é uma perspetiva com pouca viabilidade, sobretudo atendendo à
importância que os mesmos assumem enquanto coleções representativas de campanhas de exploração
arqueológica pioneiras na região e no país.
Não obstante serem conjuntos indivisíveis, tratam-se de bens culturais representativos da
ocupação humana no território algarvio em diferentes períodos históricos, que nalguns casos não estão
musealizados, estudados ou sequer inventariados. São espólios riquíssimos do ponto de vista científico
ou como objeto de musealização, que não têm tido o devido lugar de destaque.


Objetivos
O principal objetivo deste projeto assenta na criação de um museu virtual que dê a conhecer
estes espólios que não se encontram no Algarve, encetando uma pesquisa centrada nos materiais
recuperados por Estácio da Veiga no âmbito da sua carta arqueológica para a região, a qual resultou na
criação do efémero Museu Arqueológico do Algarve e na publicação das Antiguidades Monumentaes do
Algarve.
Através de um sítio na web, será possível divulgar estes elementos significativos e
caracterizadores do passado e da identidade da região, que por motivos diversos foram depositados
noutros museus que não os algarvios, procedendo à sistematização da informação associada,
consubstanciando-a na construção de discursos explicativos sobre a evolução dos povos que habitaram o
extremo sul do país, dos seus modelos de organização social e atividades económicas praticadas. O
aproveitamento dos dados disponibilizados ao público, servirá tanto as academias como o segmento do
turismo, em três componentes principais:

  • científica, na medida em que a concretização do projeto representa um acréscimo do conhecimento
    existente para a caracterização da evolução da ocupação humana no Algarve, desde a Pré-história
    até à contemporaneidade;
  • sociocultural, uma vez que visa promover a aproximação das populações residentes à sua cultura e
    passado, através de meios de divulgação abrangentes;
  • turística, dado ser o Algarve uma região procurada ao longo do ano por visitantes oriundos de
    diversas partes do mundo, funcionando o museu virtual como uma plataforma digital que convida a
    circular e conhecer o território e os seus equipamentos culturais (museus, sítios e monumentos).
    O site irá ainda funcionar como repositório onde se carregará a cartografia de sítios
    arqueológicos dos 16 concelhos que constituem o território algarvio, atualizando-a e usando-a como base
    de trabalho em projetos de investigação ou de dinamização cultural que se debrucem sobre a arqueologia
    da região.
    A proposta apresentada deriva de uma mais antiga, desenvolvida por alguns dos arqueólogos
    que integram a Rede de Museus do Algarve. Considerou-se ser esta a altura adequada para retomar a
    demanda, com as necessárias adaptações à realidade vigente e objetivos ora alavancados.
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    Linhas de atuação
    A materialização dos objetivos propostos será implementada em cinco fases, a saber:
    1.ª Fase:
  • Levantamento e inventário simples de espólios arqueológicos das intervenções atribuídas a
    Estácio da Veiga existentes no Museu Nacional de Arqueologia e noutros museus portugueses
    (por amostragem);
    2.ª Fase:
  • Apresentação de proposta estruturada e protótipo do website, a partir da amostragem;
    3.ª Fase:
  • Candidatura do projeto a fundos comunitários;
    4.ª Fase:
  • Aquisição de serviços de inventariação, estudo e registo gráfico e fotográfico de espólios
    arqueológicos das intervenções atribuídas a Estácio da Veiga ou a outros investigadores que se
    venham a identificar como criadores de coleções que se encontrem depositadas no Museu
    Nacional de Arqueologia e noutros museus do país;
  • Criação da plataforma (website);
    5ª. Fase:
  • Realização de atividades a partir da informação congregada, após publicação da plataforma,
    como exposições temporárias e itinerantes, edição de catálogos, entre outras.
    Na 1.ª fase o trabalho será levado a cabo pelos técnicos dos municípios e entidades que tutelam
    museus no Algarve e centrar-se-á nas coleções atribuídas a Estácio da Veiga que se encontram à guarda
    do Museu Nacional de Arqueologia, não só as que o arqueólogo ali depositou como as que José Leite de
    Vasconcelos veio a adquirir posteriormente, bem como dos museus do Algarve e de todos os museus que
    possuam coleções a este arqueólogo atribuídas.
    Para tal, será necessário entrar em contacto com o Museu Nacional de Arqueologia e restantes
    museus onde os materiais foram incorporados ou estão depositados, a fim de se apurar toda a informação
    relevante, nomeadamente:
  • quantidades de contentores e materiais;
  • tipologias;
  • cronologias;
  • valor museológico.
    Selecionar-se-á um sítio escavado por Estácio em cada um dos municípios algarvios que integram
    a Rede de Museus do Algarve e entendam integrar o projeto, utilizando como critérios:
  • a importância do sítio/ achado;
  • o espectro cronológico;
  • a diversidade funcional/ tipológica;
  • a abrangência territorial;
  • a dimensão dos espólios (se são exequíveis para amostra);
  • a integridade das peças que os constituem.
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    Na 2.ª fase avançar-se-á com a demonstração do modelo de inventário e o grafismo e
    organização do website.
    A 3.ª Fase pressupõe a candidatura a fundos comunitários, enquadrando o projeto num dos
    programas que venha a abrir no domínio da salvaguarda e valorização do património cultural, que viabilize
    o projeto e permita que, além destas coleções “antigas”, também as coleções arqueológicas dos diversos
    Museus que integram a RMA possam ser trabalhadas e constar da plataforma. A inventariação, estudo e
    registo destes conjuntos, que decorrerá na 4.ª fase do projeto, será alvo de aquisição de serviços externa
    aos municípios.
    Após ser criado o museu virtual, e tendo em conta a importância dos museus enquanto meios
    de difusão da cultura, na 5.ª fase está prevista a realização de exposições temporárias e itinerantes, seja
    a nível local, regional ou nacional, com peças arqueológicas estudadas no âmbito do projeto que integram
    o site. As exposições poderão ter componentes de interação por meio de tecnologias em suporte
    multimédia ou réplicas funcionais, que promovam um melhor entendimento das realidades apresentadas
    no site. Ainda no âmbito museológico não virtual, propõe-se a criação de condições para que algumas
    peças possam ser objeto de intercâmbio ou depósito temporário, mediante acordos e protocolos com os
    museus do Algarve.
    Concretização
    Para a concretização do projeto, procurar-se-á desenvolver uma proposta sólida, suportada na
    referida amostragem de sítios escavados por Estácio da Veiga, com o intuito de demonstrar a viabilidade
    do projeto e alargá-lo à totalidade das suas descobertas e a outras explorações arqueológicas na região
    cujos espólios estejam nas mesmas condições.
    Comprovada a viabilidade, será preparada a candidatura ao quadro de apoio comunitário que
    terá como chefe de fila a Direção Regional de Cultura do Algarve, de que serão parceiros e beneficiários
    os municípios e entidades que integram a Rede de Museus do Algarve. Considerando que os recursos dos
    municípios são limitados e que um projeto desta natureza implica uma alocação de meios de que raras
    vezes estes dispõem, o apoio financeiro será direcionado para a contratação de serviços especializados
    no domínio da arqueologia (inventário e estudo dos materiais) e do design de comunicação e
    programação informática (construção do website).
    O envolvimento, neste processo, da tutela, Direção-Geral do Património Cultural, é fundamental,
    não só por tutelar o MNA e as práticas arqueológica e museológica em Portugal, como pelo facto de se
    pretender que o site a desenvolver funcione como extensão do repositório Endovélico do Portal do
    Arqueólogo, derivando das entradas dos CNS. A ideia assenta assim, não na duplicação da informação,
    mas num contributo para o incremento de dados concernentes à arqueologia dos (e nos) concelhos
    algarvios. Por outras palavras, o museu virtual assume-se como espaço de apresentação dos sítios
    arqueológicos e dos seus espólios, na sua relação com os meios de proveniência e na recriação de
    ambientes aproximados dos contextos de origem.
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